Desastre x Fenômeno
Nos dias atuais, os deslizamentos de encostas ocorrem corriqueiramente, e de acordo com diversos fatores tornam proporções desastrosas. Mas necessariamente o deslizamento de encosta é um desastre natural?
O deslizamento de encosta é um processo de dinâmica natural da transformação e formação da crosta terrestre que envolve o desprendimento e transporte do solo encosta abaixo. Sendo assim, ele não é necessariamente um desastre e sim um fenômeno. Mas, o que contribui para o deslizamento de encosta se tornar um fenômeno desastroso?
As encostas são locais inapropriados para a ocupação humana, porém, por falta de alternativa mesmo sendo inapropriada a ocupação humana em tais locais se concretiza. Mas o problema de tudo isso, é que quando ocorre um deslizamento de encosta os resultados se tornam desastrosos, pois, tem-se um alto índice de perdas de casas, carros, e diversos bem materiais, além de um alto índice de morte (figura 1.0). Sendo assim, a ação humana interfere decisivamente no agravamento destes movimentos.
Figura 1.0 - Distribuição anual do número de mortes por escorregamentos no Brasil no período de 1988 a 2008. Fonte: IPT, 2009.
Risco de deslizamento
Como os deslizamentos de encostas são bem acentuados no Nordeste, Sul e Sudeste do país, é importante ressaltar o que pode ser detectado como “sinais”, que identifica o risco de deslizamento. De tal modo podemos apontar:
- Depressões no terreno;
- Rachaduras nas casas;
- Inclinação anormal de árvores;
- Surgimento de minas d’água.
Vegetação nas encostas
As barreiras das encostas devem ser constituídas de vegetação para de tal maneira evitar ao máximo o deslizamento. Se tais barreiras forem protegidas com vegetação que tenham raízes compridas, a terra vai ficar mais firme evitando a ocorrência de tal fenômeno; as gramas e capins também auxiliam na sustentação da terra. Porém, é importante tomar cuidado com as plantas que são de raízes curtas, como a bananeira por exemplo. Plantas como essa, auxiliam na ocorrência do fenômeno, fazendo com que o solo fique sem fixação. Assim como a vegetação pode ser “aliada”, ela também poder ser uma grande “vilã”, fazendo com que a terra seja levada facilmente pela água da chuva ou não.
Fruteiras, plantas medicinais e de jardins | |
Plantas que evitam o deslizamento | Plantas que auxiliam o deslizamento |
Goiaba | Mamão |
Pitanga | Fruta pão |
Carambola | Jambo |
Urucum | Coco |
Jasmin | Banana |
Boldo | Jaca |
OBS: Algumas plantas que auxiliam e evitam o deslizamento. É importante ressaltar que árvores grandes em geral devem ser evitadas nas encostas, pois acumulam água no solo e provocam quedas de barreiras.
Tipos de deslizamentos
- Rotacionais ou circulares: Os deslizamentos rotacionais caracterizam-se por uma superfície de ruptura curva ao longo da qual se dá um movimento rotacional do maciço de solo (Figura 1.1).
Figura 1.1 - (a) Esquema de escorregamento rotacional. Fonte: Lopes (2006). (b) Escorregamento rotacional em Jaraguá do Sul, SC, dez.2008. Fonte: Acervo IG.
A ocorrência destes movimentos está associada geralmente à existência de solos espessos e homogêneos, como os decorrentes da alteração de rochas argilosas. O início do movimento muitas vezes é provocado pela execução de cortes na base destes materiais, como na implantação de uma estrada, ou para construção de edificações, ou ainda pela erosão fluvial no sopé da vertente (Fernandes & Amaral, 1996).
- Translacionais ou planares: Os deslizamentos translacionais, em geral, ocorrem durante ou logo após períodos de chuvas intensas. É comum que a superfície de ruptura coincida com a interface solo-rocha, a qual representa uma importante descontinuidade mecânica e hidrológica. A ação da água nestes movimentos é mais superficial e as rupturas ocorrem em curto espaço de tempo, devido ao rápido aumento da umidade durante eventos pluviométricos de alta intensidade (Fernandes & Amaral, 1996).
Os escorregamentos translacionais podem ser divididos em: solos, rochas e solos e rochas.
Referências
FERNANDES, N. F. & AMARAL, C. P. 1996. Movimentos de massa: uma abordagem geológica geo morfológica. In: GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org) Geomorfologia e Meio Ambiente. Bertrand, Rio de Janeiro. p. 123-194.
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